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terça-feira, 13 de novembro de 2012

A falência da educação brasileira



Há anos que já venho escrevendo sobre a falência do vigente modelo de sistema educacional brasileiro. Apostilas, livros didáticos, lousa, giz, provas, ênfase em conteúdos programáticos, sinal, aulas, vestibulares, câmeras de vigilância, entre outros são reflexos e resquícios de uma educação que já está falida. Se quisermos que nosso país avance rumo a uma educação de qualidade precisamos como sociedade, pais, educadores, gestores, deixarmos os desfibriladores de lado e pararmos de tentar ressuscitar a todo preço algo que já não funciona mais há décadas e enquanto não enxergarmos isso todo nosso esforço será em vão.
Um dos resquícios da falência do modelo de sistema educacional implantado no Brasil é a utilização de livros didáticos, apostilas ou coisas do gênero pela maioria das escolas.
Assim sendo, acompanhei através de jornais e pela internet as correções do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) outra tragédia educacional brasileira - realizado neste ultimo final de semana. Percebi que inúmeros professores desses mais renomados “cursinhos” reclamaram do tema da redação desse ano que foi “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI” alegando que (1) o tema é de difícil compreensão por parte dos alunos e que (2) a maioria dos livros didáticos ou apostilas não discorrem sobre tal assunto por ser muito atual.
Esse é um dentre inúmeros motivos pelos quais o uso de livros didáticos e apostilas é prejudicial ao aluno e ao professor. Outros motivos relacionados são: (1) a má qualidade na impressão de certos livros didáticos/apostilas; (2) o conteúdo errôneo de diversas informações trazidas pelos livros didáticos/apostilas; (3) o engessamento da prática pedagógica do professor face ao cumprimento ou término da apostila/livro didático; (4) o crescimento da concepção de que o aprendizado ocorre única e exclusivamente através da memorização/escrita, já que muitos pais acreditam que apostila cheia ou livro didático preenchido é conhecimento adquirido; (5) a noção esdrúxula de que todos aprendem da mesma maneira e no mesmo ritmo como peões em uma fábrica têxtil, ou seja, ensinam-se a todos como se fossem um; (6) grande parte de coleções de apostilas e livros didáticos são elaborados – pasmem! - por professores que no mais alto de sua cátedra jamais pisaram sequer em uma sala de aula do ensino fundamental ou médio elaborando questões, situações de aprendizagem ou atividades estapafúrdias e grotescas que nem crianças super animadas são capazes de fazê-las por serem simplesmente “chatas”.
Poderíamos citar outros numerosos motivos apontados por inúmeros educadores para decretarmos o fim da utilização dos livros didáticos e apostilas pelas escolas. Soma-se a isto o fato de que as melhores escolas do mundo e do Brasil não utilizam esse tipo jurássico de material.  Por fim, Lauro de Oliveira Lima, grande educador cearense brasileiro escrevia em 1995: “(...) O livro didático, de modo geral, é um livro feio, mal escrito e mal desenhado, mediocremente impresso, um verdadeiro objeto “kitsch”, brega, (...) um produto rastaquera de uma copiosa indústria, alegando-se que “é disto que os professores gostam. (...) Nele não há nada de novo, nem de coerentemente velho. (...) Adotado por um mediador, como se fosse uma receita médica. (...) Se o professor não é oligofrênico, de tanto ler certos livros, acaba ficando. (...) A escola é, sabidamente, uma defasada agência de informação…”.
         Se um marciano levasse da Terra um “livro didático” para avaliar o nível mental dos terráqueos, seus superiores certamente chegariam à conclusão de que o ser humano, usando esse tipo de instrumento didático, é débil mental!... Não se sabe por que as editoras vomitam anualmente (o livro didático dura um ano letivo) este montão de estupidez mal impressa e mal encadernada, o único livro que a maioria dos alunos jamais usará. Por que não entregar aos alunos lindos e modernos manuais que eles guardarão e consultarão para o resto da vida? Em algumas escolas, no final do ano letivo, os alunos picam os livros didáticos e comemoram a passagem do ano com esse tipo de confete de segunda classe. O livro didático é bem a mostra gráfica do baixo nível do sistema escolar brasileiro”.

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