Nessa última sexta-feira foi concretizada a tão especulada transação
do futebol brasileiro. Neymar acaba de se transferir para o futebol espanhol e
vai vestir a camiseta azul-grená pelos menos durante as cinco próximas temporadas
pelo Barcelona.
O salário ganho por Neymar para cada temporada será de sete milhões de
euros por ano, o que dá em reais cerca de dezoito milhões por ano. Se fosse
vestir a camisa do adversário, o Real Madri, Neymar ganharia ainda mais, cerca
de vinte e nove milhões de reais por ano.
Não há nada de errado em um atleta de futebol ganhar um salário
astronômico por um trabalho honesto como esse. Doravante, Neymar está indo
trabalhar em um país que vem atravessando uma profunda crise econômica em que mais
da metade da população jovem está desempregada. E Neymar é jovem! Mas mesmo
assim, tanto o espanhol como o brasileiro independentemente da situação
econômica atravessada pelo país, ainda consome esse produto chamado “futebol”
as parcas.
Como nós brasileiros alimentamos uma indústria gigantesca como a
futebolística e concomitantemente remuneramos mal nossos professores, atores ou
mesmo atletas das mais diversas modalidades olímpicas?
Assim, qual dessas classes trabalhadoras colabora de maneira incisiva para
o progresso do país: os professores, intelectuais, escritores, médicos,
advogados, atores, músicos ou os jogadores de futebol como Neymar?
É extremamente preocupante como a indústria do entretenimento é
recheada por cifras astronômicas enquanto pessoas como Patativa do Assaré,
Paulo Freire, Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Demétrio Magnoli, entre
tantos outros que pensaram e repensarem esse país a sua maneira, nunca
estiveram ou estarão com suas faces estampadas em todos os jornais televisivos ou
impressos, como aconteceu com Neymar nesse último final de semana e jamais
ganharam ou ganharão nem a milésima parte do que esse jovem de vinte e um anos
já ganhou.
Contudo,fico ilusoriamente com Patativa do Assaré que nunca
deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (Cariri) no
interior do Ceará. Indagado, se nunca deixaria o Nordeste pela baixa economia
da região, ele respondeu: “Não sou eu que tenho que deixar essa região por não
ser muito rica, é a riqueza que tem que chegar por essas bandas de cá”. Vai
Neymar, os euros do futebol lhe aguardam...
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