sexta-feira, 15 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Neymar e o progresso do Brasil.
Nessa última sexta-feira foi concretizada a tão especulada transação
do futebol brasileiro. Neymar acaba de se transferir para o futebol espanhol e
vai vestir a camiseta azul-grená pelos menos durante as cinco próximas temporadas
pelo Barcelona.
O salário ganho por Neymar para cada temporada será de sete milhões de
euros por ano, o que dá em reais cerca de dezoito milhões por ano. Se fosse
vestir a camisa do adversário, o Real Madri, Neymar ganharia ainda mais, cerca
de vinte e nove milhões de reais por ano.
Não há nada de errado em um atleta de futebol ganhar um salário
astronômico por um trabalho honesto como esse. Doravante, Neymar está indo
trabalhar em um país que vem atravessando uma profunda crise econômica em que mais
da metade da população jovem está desempregada. E Neymar é jovem! Mas mesmo
assim, tanto o espanhol como o brasileiro independentemente da situação
econômica atravessada pelo país, ainda consome esse produto chamado “futebol”
as parcas.
Como nós brasileiros alimentamos uma indústria gigantesca como a
futebolística e concomitantemente remuneramos mal nossos professores, atores ou
mesmo atletas das mais diversas modalidades olímpicas?
Assim, qual dessas classes trabalhadoras colabora de maneira incisiva para
o progresso do país: os professores, intelectuais, escritores, médicos,
advogados, atores, músicos ou os jogadores de futebol como Neymar?
É extremamente preocupante como a indústria do entretenimento é
recheada por cifras astronômicas enquanto pessoas como Patativa do Assaré,
Paulo Freire, Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Demétrio Magnoli, entre
tantos outros que pensaram e repensarem esse país a sua maneira, nunca
estiveram ou estarão com suas faces estampadas em todos os jornais televisivos ou
impressos, como aconteceu com Neymar nesse último final de semana e jamais
ganharam ou ganharão nem a milésima parte do que esse jovem de vinte e um anos
já ganhou.
Contudo,fico ilusoriamente com Patativa do Assaré que nunca
deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (Cariri) no
interior do Ceará. Indagado, se nunca deixaria o Nordeste pela baixa economia
da região, ele respondeu: “Não sou eu que tenho que deixar essa região por não
ser muito rica, é a riqueza que tem que chegar por essas bandas de cá”. Vai
Neymar, os euros do futebol lhe aguardam...
quarta-feira, 24 de abril de 2013
A Greve é nossa. Sociedade, a culpa é sua.
Nessa última
sexta-feira (dia 19) vários professores estaduais estiveram em São Paulo em uma
assembleia para discutirem as condições e reivindicações acerca do trabalho
ocorrido em todas as escolas do estado de São Paulo.
Por fim, resolveram
por maioria dos ali presentes, decretarem greve por tempo indeterminado a
partir de segunda-feira dessa semana (dia 22).
Entre o material distribuído
pela APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo) às escolas estaduais, conclamando os professores a aderirem à greve, existe
o slogan “A greve é nossa. Governador, a
culpa é sua”.
Nesses dez anos que
estou como professor da rede pública do estado de São Paulo já participei de várias
greves e paralisações. Algumas tiveram suas benesses outras nem tanto. Contudo,
nenhuma greve da qual participei provocou mudanças estruturais no caduco
sistema educacional paulista por um motivo capital: o sindicato dos professores
insiste na culpabilidade do governo paulista pela precária educação estatal, o
que é um erro. A culpa não é do Governador, não é minha, não é do ET de
Varginha, (nem poderia ser, pois Varginha se encontra no estado de Minas
Gerais), não é da progressão continuada, não é da família, não é do
neoliberalismo, é de todos nós.
Á lógica é clara:
toda escola estadual pública não é do governo, é da sociedade. O governo só a
administra por um tempo. E quem escolhe o governo? A sociedade. Ou seja, a
escola estadual pública é da sociedade, feita para a sociedade, e administrada
por quem à sociedade escolheu.
Deste modo, todos
somos culpados e concomitantemente vítimas pela péssima qualidade educacional
de São Paulo, pois a educação escolar ocupa lugar secundário nas discussões
sociais e estas quando ocorrem são carregadas de silogismos banais através de
uma verborragia anencéfala e sem nenhum sentido, como diria Lobão.
Uma greve só trará
mudanças necessárias e não mais pontuais, quando os diálogos e dizeres forem
estes:
“A
greve é nossa. Sociedade, a culpa é sua”. Eis seus
representantes que declaramos culpados pela péssima educação paulista:
(1) as inúmeras
famílias que se abstém da educação primária de seus filhos, delegando a escola
suas responsabilidades primordiais;
(2) os inúmeros
empresários que vem na educação não um projeto de transformação social, mas uma
rica fonte de dinheiro;
(3) os inúmeros
veículos de informação, que dispõe de telejornais, programas ou cadernos de
esporte, economia, entretenimento, sendo em sua maioria banais preocupados em
transmitirem resumos de novelas ou reality show escrotos, ao invés de
discutirem sobre a qualidade educacional atualmente;
(4) o governo, que
insiste em uma gestão educacional meritocrática e amadora;
(5) as inúmeras
escolas e gestores que prestam uma subserviência total e silenciosa a essa
gestão educacional meritocrática e amadora;
(6) os inúmeros
professores que não dão a mínima para qualidade educacional e só pensam no
salário em suas contas bancárias ao final do mês.
(7) os vários “Zés das
esquinas” que preferem vender pinga em seu botecos para menores de idade, do
que olhar as tarefas de seu filho feitas com carinho em seu caderno;
(8) o poder
judiciário, que por meio de seus vários representantes persevera no zelo pela
ordem tribal, aonde o caos impera há tempos.
(9)... e por aí vai.
Portanto,
culpabilizar o governo paulista é reduzir uma responsabilidade social de todos
nós. Quem deveria fazer greve educacional é a sociedade e não somente os
professores. Enquanto nós seres dotados de um mínimo de intelectualidade não
entendermos - que a educação não é a única viés transformadora de toda a
sociedade, mas tampouco, a sociedade se transformará para melhor sem ela - o
panelaço irá continuar ecoando, nas vozes de poucos guerreiros mortais...
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