Lembro-me
como se fosse ontem a primeira vez que pisei em uma sala de aula como
professor. Era verão de 2004 e havia acabado de abrir “sede” na escola Estadual
Zezinho Portugal em Guaíra-SP para lecionar como professor substituto. Em uma bela tarde só
não me lembro exatamente o dia – apesar de professor de História sou péssimo
com datas já esqueci algumas vezes meu próprio aniversário – e o telefone toca.
Era o pessoal da escola me pedindo para substituir um professor de História que
havia faltado. A aula era no 6º. B.
Ao
desligar o telefone um mistura de sensações ocorreu dentro de mim. Caracas vou
dar minha primeira aula... Primeiro, claro, veio a euforia. Mas o que eu vou
falar? Logo após o desespero.
Caminhei
da minha casa até a escola pensando como seriam os alunos, quais seriam suas
reações, como seria minha postura como professor, se falaria da Pré-História ou
de Roma Antiga, enfim, divagando comigo mesmo fui caminhando. Tinha absoluta
certeza só de uma coisa: sem falsa modéstia comigo mesmo, conhecimento
histórico eu tinha.
Quando
finalmente cheguei à sala de aula – passado todo o tormento cerebral – percebi
de cara uma coisa e no decorrer dos agonizantes minutos posteriores veio a
constatação. Putz, eu sabia muita coisa só não tinha a mínima idéia de como
fazer para que esse conhecimento chegasse até o aluno.
Quando
acabou minha primeira aula lembro-me do sentimento que tive: raiva. Raiva de
mim por não ter dado “muita bola” para as disciplinas pedagógicas do meu curso
de História. Afinal de contas, o que eu esperava da vida? Esperava viver de pesquisa como historiador
no Brasil? Isso é suicídio, além do que, quase todos os grandes historiadores
foram ou são docentes. Raiva também dos meus professores dessas mesmas
disciplinas que lamentavelmente em sua maioria não me ajudaram quase em nada. Enfim,
naquele momento precisava escolher entre dois caminhos: o primeiro era lamuriar
até o ultimo ano do resto da minha vida sobre minha má formação pedagógica e o
segundo caminho era correr atrás do tempo perdido. Escolhi o segundo.
Minha
primeira atitude foi pesquisar como era a educação nas melhores escolas do
mundo, muitas, aliás, eu já conhecia um pouco, mas não profundamente sua
estrutura pedagógico-metodológica. Concomitantemente fui também pesquisando e
conhecendo a história de todos os grandes educadores mundiais e brasileiros. Li
dezenas de obras e vários artigos e textos pedagógicos. Essa, aliás, foi à
principal causa de ter abandonado meu doutorado depois de dois anos e meio. Não
conseguia mais ler sobre as missões jesuíticas no Rio Grande do Sul. Entender o
processo educacional, a relação pedagógica professor-aluno era meu objetivo e a
partir daquele momento minha paixão.
Enfim,
depois de todo esse tempo de pesquisa e prática, depois de diversas
metodologias aplicadas, depois de inúmeros acertos e erros, finalmente
encontrei “um caminho” para minha prática docente: a pedagogia de projetos.
Na
próxima semana escreverei como há três anos praticamente eu não “dou mais
aulas” e como a pedagogia de projetos mudou minha vida e como ela pode ser
aplicada em qualquer escola.
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