De
todas as soluções para a educação que apresentarei ao longo de semanas nesse
espaço o tutoramento (termo empregado em larga escala pelos botânicos) com
absoluta certeza é a mais difícil de se colocar em prática e por isso a mais
importante.
Primeiramente
vamos à definição. Tutoramento significa apoiar, dar suporte, dar ajuda como
muitos jardineiros ou botânicos fazem ao plantarem uma orquídea por exemplo.
Contudo, não basta apenas amarrar a planta em uma haste para garantir o seu
completo desenvolvimento. É preciso saber amarrar direito para evitar a quebra
de hastes, botões e estrangulamento de pseudobulbos ou caules de monopodiais. É
preciso saber analisar qual é o material mais adequado para todo esse procedimento.
É preciso saber o que se pode adaptar ou não e é claro é preciso saber o
momento certo e o que deve ou não ser tutorado.
O
tutoramento foi muito utilizado também na Grécia antiga. Investia-se na
aprendizagem da Leitura, Escrita, Geometria, Moral, Ética, Dialética, Oratória,
Filosofia, Medicina, Lingüística, Política, Poesia e Matemática para que os
meninos pudessem se tornar os líderes que iriam manter as cidades no amanhã. A
rigidez nos estudos era grande e por isso mesmo era dada aos tutores a
possibilidade de aplicar até castigos físicos aos meninos e rapazes que não se
aplicassem nos estudos. Assim sendo, o tutor na Grécia Antiga tinha como função
apoiar, dar suporte, ajudar o tutorando a conhecer todas as nuances de que a
vida é feita. Alexandre, o Grande, teve como seu tutor ninguém menos que
Aristóteles.
Sendo
assim, o tutoramento se faz necessário em grande parte das escolas de hoje. Ele
parte do pressuposto de que todo aluno é único em sua maneira de aprender e por
esse motivo necessita de um acompanhamento pessoal ao longo de todo ano letivo.
É como se fosse uma educação ou um ensino vip desses que existem em escolas que
ensinam outro idioma. Mas como se fazer tutoramento em uma escola com classes
com trinta ou quarenta alunos? Não dá. É impossível. Então porque estou lendo
isso? Oras, se não dá para fazer inicialmente com a escola inteira, faça com
uma sala.
Mas
como seria esse tutoramento na prática?
O
primeiro passo a ser dado e o mais difícil é conseguir os tutores que poderiam
ser professores, coordenadores, funcionários, diretores ou os próprios alunos
com uma escolaridade maior, como por exemplo, alunos do ensino médio. Escrevo
que esse passo é o mais difícil porque a maioria das pessoas quando chamadas
para esse trabalho irão alegar um único motivo para o seu não cumprimento: a
falta de tempo.
Se
a escola conseguir cumprir com esse primeiro passo todo o resto se torna fácil.
O segundo passo obviamente é escolher uma sala. Dê preferência para uma sala que
acabara de iniciar um dos ciclos existentes na educação brasileira. Em seguida
é só dividir os alunos de acordo com os tutores disponíveis não podendo
ultrapassar cinco ou seis alunos para cada tutor.
O
terceiro passo e último é o acompanhamento semanal do tutor frente aos seus
alunos sob sua responsabilidade, ou seja, tudo que atrapalha o desenvolvimento
escolar desses mesmos (inclusive problemas de ordem não escolares) devem ser
apoiados, analisados e se possível resolvidos pelo tutor.
O
acompanhamento pode ocorrer através de encontros marcados no horário dos
intervalos (recreio) ou em momentos definidos em conjunto pelo tutor ou
tutorando realizados em lugares de comum acordo.
Mas
o que o tutor especificamente fará nesses encontros durante esses acompanhamentos?
Conversar, ser o apoio para a orquídea se desenvolver em toda a sua inteireza
ou simplesmente ser Aristóteles exercendo a função que muitas famílias não
fazem com seus filhos: escutá-los.
Nenhum comentário:
Postar um comentário