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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Solução em Educação nº. 3 (O tutoramento: Alexandre, o Grande e as orquídeas)




De todas as soluções para a educação que apresentarei ao longo de semanas nesse espaço o tutoramento (termo empregado em larga escala pelos botânicos) com absoluta certeza é a mais difícil de se colocar em prática e por isso a mais importante.
Primeiramente vamos à definição. Tutoramento significa apoiar, dar suporte, dar ajuda como muitos jardineiros ou botânicos fazem ao plantarem uma orquídea por exemplo. Contudo, não basta apenas amarrar a planta em uma haste para garantir o seu completo desenvolvimento. É preciso saber amarrar direito para evitar a quebra de hastes, botões e estrangulamento de pseudobulbos ou caules de monopodiais. É preciso saber analisar qual é o material mais adequado para todo esse procedimento. É preciso saber o que se pode adaptar ou não e é claro é preciso saber o momento certo e o que deve ou não ser tutorado.
O tutoramento foi muito utilizado também na Grécia antiga. Investia-se na aprendizagem da Leitura, Escrita, Geometria, Moral, Ética, Dialética, Oratória, Filosofia, Medicina, Lingüística, Política, Poesia e Matemática para que os meninos pudessem se tornar os líderes que iriam manter as cidades no amanhã. A rigidez nos estudos era grande e por isso mesmo era dada aos tutores a possibilidade de aplicar até castigos físicos aos meninos e rapazes que não se aplicassem nos estudos. Assim sendo, o tutor na Grécia Antiga tinha como função apoiar, dar suporte, ajudar o tutorando a conhecer todas as nuances de que a vida é feita. Alexandre, o Grande, teve como seu tutor ninguém menos que Aristóteles.
Sendo assim, o tutoramento se faz necessário em grande parte das escolas de hoje. Ele parte do pressuposto de que todo aluno é único em sua maneira de aprender e por esse motivo necessita de um acompanhamento pessoal ao longo de todo ano letivo. É como se fosse uma educação ou um ensino vip desses que existem em escolas que ensinam outro idioma. Mas como se fazer tutoramento em uma escola com classes com trinta ou quarenta alunos? Não dá. É impossível. Então porque estou lendo isso? Oras, se não dá para fazer inicialmente com a escola inteira, faça com uma sala.
Mas como seria esse tutoramento na prática?
O primeiro passo a ser dado e o mais difícil é conseguir os tutores que poderiam ser professores, coordenadores, funcionários, diretores ou os próprios alunos com uma escolaridade maior, como por exemplo, alunos do ensino médio. Escrevo que esse passo é o mais difícil porque a maioria das pessoas quando chamadas para esse trabalho irão alegar um único motivo para o seu não cumprimento: a falta de tempo.
Se a escola conseguir cumprir com esse primeiro passo todo o resto se torna fácil. O segundo passo obviamente é escolher uma sala. Dê preferência para uma sala que acabara de iniciar um dos ciclos existentes na educação brasileira. Em seguida é só dividir os alunos de acordo com os tutores disponíveis não podendo ultrapassar cinco ou seis alunos para cada tutor.
O terceiro passo e último é o acompanhamento semanal do tutor frente aos seus alunos sob sua responsabilidade, ou seja, tudo que atrapalha o desenvolvimento escolar desses mesmos (inclusive problemas de ordem não escolares) devem ser apoiados, analisados e se possível resolvidos pelo tutor.
O acompanhamento pode ocorrer através de encontros marcados no horário dos intervalos (recreio) ou em momentos definidos em conjunto pelo tutor ou tutorando realizados em lugares de comum acordo.   
Mas o que o tutor especificamente fará nesses encontros durante esses acompanhamentos? Conversar, ser o apoio para a orquídea se desenvolver em toda a sua inteireza ou simplesmente ser Aristóteles exercendo a função que muitas famílias não fazem com seus filhos: escutá-los. 

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