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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O poder de um jovem




“Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada”.
(Despertar é preciso - Vladimir Maiakóvski)

Tenho uma profunda esperança nos jovens. Não é uma esperança tola, vã, mas uma esperança idealizada naqueles que acredito serem capazes de transformar o mundo em que vivemos. Não espero nenhuma transformação que parta dos corações velhos e desgastados que encontramos em várias áreas de nossa sociedade principalmente na educação e na política. Eles não mudam nada.
Todo jovem deve ser ouvido, seja na escola, na igreja ou em conferências realizadas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).
Assim, se o corpo gestor ou docente de uma instituição escolar pretende saber por que sua escola atravessa problemas educacionais não evoquem a presença de palestrantes doutores em educação, “burocratas pedagógicos” ou “profetas dos bons costumes”, conclamem os jovens, os alunos. Uma instituição escolar que possui um horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) semanal com professores, mas não possui sequer um horário semanal para ouvir seus jovens não é uma escola democrática, mas ditatorial, na qual quem dita às normas que a regem são professores, coordenadores pedagógicos ou diretores sem ao menos saber o que os jovens pensam. E como eles pensam...
Contudo, infelizmente a educação e grande parte dos educadores no Brasil atual enxergam os jovens como seres bestiais alienados com seus celulares a mostra. E eles não o são. Fico perplexo com tanto professores, coordenadores pedagógicos e diretores que fazem inúmeros cursos para entender a educação que deve ser ministrada para os jovens de hoje, e não conseguem enxergar que existe uma solução mais fácil, barata e rápida para esse problema: é só perguntar a eles. Experimentemos perguntar a um jovem estudante o que ele pensa sobre nosso trabalho como educador. Experimentemos perguntar a um jovem estudante o que ele pensa sobre a nossa escola, experimentemos perguntar a um jovem estudante o que ele pensa sobre a educação no Brasil e experimentemos perguntar a um jovem estudante o que ele pensa sobre a política em nosso município. Na maioria das vezes, aprenderemos mais com eles do que com educadores, burocratas ou políticos.
Deste modo, discutir políticas públicas municipais - em diversas áreas como a educação, assistência social ou cultura - voltadas para crianças, adolescentes e jovens em conferências municipais sem a eloqüência das vozes desses mesmos não é protagonismo juvenil é arrogância, desleixo e descaso por parte das autoridades competentes.
Jovens, jamais permitam que educadores fajutos roubem a flor tenra de suas idéias.  Jovens, jamais permitam que politiqueiros matem a ferocidade de suas ações. Jovens, jamais permitam que gestores burocratas arranquem-lhes a ternura de suas vozes. François Rabelais, escritor, padre e médico da renascença italiana escreveu: “Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam.” Jovens vocês podem, devem e querem, portanto, não se calem perante as mazelas do mundo, pois ele pertence a vocês...

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