“Na primeira noite
eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, já
não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais
frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso
medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos
dizer nada”.
(Despertar é preciso - Vladimir Maiakóvski)
Tenho
uma profunda esperança nos jovens. Não é uma esperança tola, vã, mas uma
esperança idealizada naqueles que acredito serem capazes de transformar o mundo
em que vivemos. Não espero nenhuma transformação que parta dos corações velhos
e desgastados que encontramos em várias áreas de nossa sociedade principalmente
na educação e na política. Eles não mudam nada.
Todo
jovem deve ser ouvido, seja na escola, na igreja ou em conferências realizadas
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).
Assim,
se o corpo gestor ou docente de uma instituição escolar pretende saber por que
sua escola atravessa problemas educacionais não evoquem a presença de
palestrantes doutores em educação, “burocratas pedagógicos” ou “profetas dos
bons costumes”, conclamem os jovens, os alunos. Uma instituição escolar que
possui um horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) semanal com
professores, mas não possui sequer um horário semanal para ouvir seus jovens
não é uma escola democrática, mas ditatorial, na qual quem dita às normas que a
regem são professores, coordenadores pedagógicos ou diretores sem ao menos
saber o que os jovens pensam. E como eles pensam...
Contudo,
infelizmente a educação e grande parte dos educadores no Brasil atual enxergam
os jovens como seres bestiais alienados com seus celulares a mostra. E eles não
o são. Fico perplexo com tanto professores, coordenadores pedagógicos e
diretores que fazem inúmeros cursos para entender a educação que deve ser
ministrada para os jovens de hoje, e não conseguem enxergar que existe uma
solução mais fácil, barata e rápida para esse problema: é só perguntar a eles. Experimentemos
perguntar a um jovem estudante o que ele pensa sobre nosso trabalho como
educador. Experimentemos perguntar a um jovem estudante o que ele pensa sobre a
nossa escola, experimentemos perguntar a um jovem estudante o que ele pensa sobre
a educação no Brasil e experimentemos perguntar a um jovem estudante o que ele
pensa sobre a política em nosso município. Na maioria das vezes, aprenderemos
mais com eles do que com educadores, burocratas ou políticos.
Deste
modo, discutir políticas públicas municipais - em diversas áreas como a
educação, assistência social ou cultura - voltadas para crianças, adolescentes
e jovens em conferências municipais sem a eloqüência das vozes desses mesmos
não é protagonismo juvenil é arrogância, desleixo e descaso por parte das
autoridades competentes.
Jovens,
jamais permitam que educadores fajutos roubem a flor tenra de suas idéias. Jovens, jamais permitam que politiqueiros
matem a ferocidade de suas ações. Jovens, jamais permitam que gestores
burocratas arranquem-lhes a ternura de suas vozes. François Rabelais, escritor,
padre e médico da renascença italiana escreveu: “Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram
quando podiam.” Jovens vocês podem, devem e querem, portanto, não se calem
perante as mazelas do mundo, pois ele pertence a vocês...
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