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terça-feira, 26 de julho de 2011

(Panem et circenses) Carnaval, eu fico triste quando chega o carnaval.


De todos os legados que o império romano nos deixou, o pior deles talvez deva ter sido o da política do “Panem et circenses” (pão e circo). Na Roma antiga, devido ao êxodo rural por causa da escravidão, o imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando essa política que consistia em nada mais do que promover quase diariamente lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu) distribuindo durante os eventos alimentos como o trigo e o pão. Assim, ao mesmo tempo em que a população se divertia e se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em revoltar-se. Foram feitas tantas festas para manter a população sob controle, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.
E como entra a educação no Brasil nessa história? Qualquer semelhança não é mera coincidência.
É óbvio que o nosso país precisa melhorar os seus índices educacionais sejam eles quais forem. É mais do que óbvio que essas mudanças precisam ocorrer o mais rápido possível para que tenhamos um horizonte mais “colorido” e menos “acinzentado” no futuro próximo. Mas será que é tão óbvio o principal motivo pelo qual o Brasil ainda patina em uma evolução crescente em sua educação básica? É, e ele é tão óbvio como assustador: falta de vontade política.
Assim como é certo que nosso país carece de uma educação de melhor qualidade é certo que a maioria de nossos governantes não se interessa pela educação porque simplesmente “ela não trás votos”, já que toda mudança educacional é lenta e infelizmente essa é uma palavra riscada dos dicionários da maioria de nossos governantes. Quase nenhum governante ou politiqueiro (não confundir com político) se interessa em uma mudança estrutural em longo prazo, porque justamente ele não se beneficiará dela.
Assim, não é a toa que governantes preferem despejar graúdos recursos em obras como pontes, viadutos, estradas ou organizarem eventos como uma copa do mundo, olimpíada ou carnaval.
Aliás, eu fico triste quando chega o carnaval. Fico triste, pois serão cinco dias, quinze dias ou um mês de folia regada na maioria das vezes á dinheiro público que serviria para melhorar muitas escolas sucateadas pelo Brasil afora. O Nordeste é ao mesmo tempo a “terra da folia” e a “terra da agonia”, na qual alunos mal têm o que comer nas escolas públicas. Como um governo é capaz de investir em uma mega estrutura carnavalesca enquanto as estruturas de suas escolas (não as de samba) estão sucateadas?
Destarte, chegamos a uma triste conclusão. Talvez nosso país só consiga iniciar uma reforma educacional quando houver concomitantemente uma reforma política. Para o Brasil, bastasse uma reforma política alicerçada em dois pontos: (1) na representatividade executiva ou legislativa por no máximo dois mandatos de quatro ou cinco anos, ou seja, o cidadão poderia ocupar no máximo duas vezes na vida uma cadeira no legislativo ou executivo e (2) na diminuição dos salários “marcianos” daqueles que ocuparem tais cadeiras. Como acho isso quase impossível de acontecer nesse país, continuaremos com um dos piores legados que os romanos nos deixaram. Que venha o confete e a serpentina!!!

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