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terça-feira, 5 de julho de 2011

Brasil: A Pátria de chuteiras


É revoltante como a educação no Brasil não tem valor algum concomitantemente ao futebol que atrai sobre si olhares de todo o país. Como exemplo disso, basta observarmos as manchetes de primeira página estampadas ao longo de toda a semana que se passou.
Ao abrir a imensa maioria dos jornais da semana passada, você observaria que o assunto em destaque se tratava da aprovação ou não pela Câmara Municipal de São Paulo do Projeto de Lei 288/2011, do Executivo, que autorizava a Prefeitura conceder até R$ 420 milhões de incentivos fiscais para a construção do futuro estádio do Corinthians em Itaquera, zona leste da capital paulista, o Itaquerão.
No entanto, também na semana passada mais precisamente na quarta-feira (29 de junho de 2011), a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou por unanimidade a proposta PLC 37/2011 que trata de dois pontos cruciais para uma boa qualidade educacional no estado. O primeiro refere-se ao reajuste escalonado dos professores que lecionam na rede pública estadual e o segundo altera a evolução funcional na carreira docente.
Sobre essa segunda notícia, pouco ou nenhum veículo de informação (jornais, revistas, rádios) se comprometeu a noticiar e sabe por quê? Por que infelizmente ainda somos a “pátria de chuteiras” e não a “pátria da educação”, por que infelizmente o jogador tem mais valor que o professor, por que infelizmente noticiar sobre o futebol dá audiência enquanto noticiar sobre a educação dá sonolência. Somos um país que se vangloria de sermos pentacampeões mundiais, como se isso representasse alguma melhoria de vida para a maioria de nossa população. Aliás, se fosse possível, trocaria todos os títulos mundiais de futebol do Brasil por cinco títulos mundiais no ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Trocaria cinco Ronaldos por cinco Paulos Freires. Trocaria cinco Neymars por cinco Anísios Teixeiras. Sabem quantos títulos mundiais de futebol a Finlândia possui? Nenhum. Mas esse país simplesmente é tetracampeão (2000, 2003, 2006 e 2009) em educação de qualidade, pois nas quatro edições do Pisa (que ocorre de três em três anos) esteve entre os três países líderes em educação do mundo.
Assim, enquanto os finlandeses estão preocupados com uma crescente melhoria na qualidade educacional de seus alunos e se lixando para o futebol, nós brasileiros “pentacampeões mundiais” ficamos aqui preocupados com a escalação do Brasil para a Copa América ou preocupados quem sabe, com a construção do moderno estádio corintiano em Itaquera e nos lixando para a educação. E viva a imbecilidade...

2 comentários:

  1. Cada um tem o país que merece. O pior do Brasil é o brasileiro.

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  2. Já dizia o grande Joseph de Maistre escritor, advogado diplomata e filósofo francês do século XIX: "Cada povo tem o governo que merece".

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