Nas
inúmeras rodinhas de conversa entre professores das quais participo nas escolas
que leciono e que se formam na hora do intervalo entre as aulas, nos horários
de trabalhos pedagógicos e nos planejamentos semestrais, um dos principais
pontos discutidos é a “falta de rumo” dessa geração de adolescentes e jovens
atual. Professores discutem a sua promiscuidade sexual, sua relação com as
drogas, suas influências e vários outros temas dentro do universo educacional
dos nossos jovens.
Contudo,
depois de muito tempo refletindo sobre o comportamento de boa parte dos
adolescentes e jovens atuais percebi enfim o seu principal problema: a
arrogância.
A
arrogância nada tem a ver com o acúmulo do conhecimento ou de bens materiais,
pelo contrário, arrogância é alguém que não deseja ouvir os outros, aprender
algo de que não saiba ou sentir-se ao mesmo nível do seu próximo. Nossos alunos
muitas vezes são assim. Eles são tão arrogantes que pensam que música é Luan
Santana, que filme é Crepúsculo e que televisão é novela. O pior não é isso. O
aluno arrogante se fecha em uma espécie de “cubículo intelectual” e pensa que a
verdade está nas coisas dos quais somente ele “curte”. Todo o resto é careta,
idiota ou antiquado. Ora, acima da capacidade intelectual, está a capacidade de
reconhecer que nenhuma verdade é absoluta a não ser Jesus Cristo.
Certa
vez, em uma determinada ocasião fui apresentar uma música dos Beatles para uma
turma de alunos. A música mal começou a tocar e os alunos simplesmente
começaram a vaiar e pedir para tirar aquela música “velha” sendo que eles nem
sequer escutaram uma frase da música!E não para por aí. Naquele mesmo instante,
um aluno tirou um telefone celular do bolso e veio me apresentar o que é
verdadeiramente música: Michel Teló. Como posso odiar Beatles ou Bob Dylan se
nem sei quem são? Como posso detestar um filme se nunca o vi? Como posso
demonizar o jiló se nunca o comi?
Penso
muito sobre qual espécie de jovens nós enquanto sociedade criamos e estamos
criando para o futuro do nosso mundo. E confesso que estou com medo. Estou com
medo de como estamos educando muitos jovens para uma arrogância fechada em si
mesma. Os professores de História como eu sabem exatamente do que se trata
isso. O velho hoje é visto como esdrúxulo e sem valor. Como esses jovens vão
tratar os seus pais então? Lembro-me dos versos da música de Sérgio Reis “Filho
Adotivo” que diz: “Hoje estou velho, meus
cabelos branqueados o meu corpo está surrado minhas mãos nem mexem mais. Uso
bengala sei que dou muito trabalho sei que às vezes atrapalho meus filhos até
demais. Passou o tempo e eu fiquei muito doente hoje vivo num asilo e só um
filho vem me ver”.
Espero
não ver em Sérgio Reis o profeta do amanhã. Tento acreditar que nossos jovens e
adolescentes ainda se abrirão para o novo que os espera. Que venha o jiló, que
venha Bob Dylan, e que venha o ieieié.
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