Em Dom Quixote, obra do espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra, o personagem central é um fidalgo de 50 anos que vivia no povoado da Mancha e que passou a confundir a fantasia com a realidade. Seu objetivo era restaurar os tempos áureos da cavalaria, e como um destes, tornar-se um herói, enfrentando situações de perigo que poderiam torná-lo imortal.
Considero atualmente todo professor um otário, tal qual, Dom Quixote, tentando restaurar os tempos áureos de uma educação que já se foi. Buscamos relembrar os tempos em que o professor era peça fundamental na engrenagem que movia a sociedade brasileira e como não somos hoje. Buscamos relembrar o quanto éramos respeitados e como não somos hoje. Buscamos relembrar o quanto nosso salário era bom e quanto ele não é hoje. Buscamos relembrar quantos presentes ganhávamos dos nossos alunos e quantos não ganhamos hoje.
Assim como o otário Dom Quixote, amamos as causas perdidas. Estamos lutando contra “moinhos de vento”, contra a ignorância, a apatia e o desinteresse de uma sociedade que pouco se preocupa com nossa causa. Lutamos por muitas crianças, cujas próprias famílias as consideram perdidas e lutamos sabendo que na maioria das vezes nossa luta poderá ser em vã.
Porém, é nisso que está a nossa grandeza. Somos grandes, mas ao mesmo tempo otários, pois sabemos que muitas vezes não mudaremos nada, mas continuamos lutando. Continuamos a desafiar dragões imaginários, inimigos poderosos, bestas apocalípticas sabendo que seremos derrotados em muitas ocasiões, mas continuamos. A beleza está em lutar na derrota e não na vitória que está por vir.
Quero morrer sendo um otário Dom Quixote, sabendo que “combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4.7). E você? Quer se tornar um otário Don Quixote conosco?
(Texto inspirado na música “Dom Quixote” de Humberto Gessinger)
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