Sou corintiano e sempre gostei de futebol. Ao longo desses anos, comprei camisetas de futebol de alguns times e a minha mais recente aquisição foi uma camiseta retrô do Flamengo do Zico. Contudo, meu gosto em acompanhar este esporte vem diminuindo drasticamente nesses últimos anos. Por quê? Quem está sendo responsável por tamanha mudança em minha vida?
Para responder a essa questão fiquei imaginando o diálogo entre o “eu” amante do futebol e o “eu” apaixonado por filosofia. Narraria esse encontro mais ou menos assim…
O “eu” filosófico: - O que seria o futebol?
O “eu” futebolístico: - Um esporte é claro.
O “eu” filosófico: - E esse esporte é praticado por quem?
O “eu” futebolístico: - Por homens é óbvio.
O “eu” filosófico: - Então porque vocês amantes do futebol insistem em chamar jogadores de galácticos, fenômenos, imperadores, he-man’s e tantos outros adjetivos?
O “eu” futebolístico: - ??? (pensativo)
O “eu” filosófico: – O futebol é um esporte certo?
O “eu” futebolístico: - Certo.
O “eu” filosófico: – E todo esporte é um entretenimento, ou seja, sua função é entreter.
O “eu” futebolístico: - Sim, mas o futebol também é uma profissão.
O “eu” filosófico: – E qual seria a principal função dessa profissão?
O “eu” futebolístico: – ???(pensa por alguns instantes). Divertir-nos é claro!
O “eu” filosófico: – E qual é o salário que esses trabalhadores “esportistas” recebem pelo suor de seu trabalho?
O “eu” futebolístico: – ???(pensa por alguns minutos). Vixxx, é dinheiro pra caramba…
O “eu” filosófico: – E você qual é a sua profissão?
O “eu” futebolístico: – Sou professor com muito orgulho…
O “eu” filosófico: – E qual seria a principal função de sua profissão?
O “eu” futebolístico: – Educar meus alunos para terem uma vida melhor. Meu sonho é que um dia meus alunos cursem uma universidade e que eu seja atendido por um deles em um escritório, consultório, empresa, entre outros.
O “eu” filosófico: – E qual é o salário que você como trabalhador recebe pelo suor de seu trabalho?
O “eu” futebolístico: – (Nem precisa pensar direito e responde de prontidão). Vixxx, é dinheiro de menos.
O “eu” filosófico: – Então quer dizer que jogadores de futebol recebem pelo suor de seu trabalho quantias significativas de dinheiro e a principal função de sua profissão é dar alegria a um povo por algumas horas ou de quatro em quatro anos em um evento esportivo mundial. Já você recebe pelo suor de seu trabalho uma quantia insignificante de dinheiro e a principal função da profissão de pessoas como você é lutarem para que estudantes tenham uma vida melhor?
O “eu” futebolístico: - ??? (pensativo).
O “eu” filosófico: - O povo brasileiro acompanha mais política ou futebol?
O “eu” futebolístico: - (já começa a prever o pior) Futebol é claro, somos duzentos milhões de treinadores.
O “eu” filosófico: - Mas qual desses dois assuntos é mais importante para o desenvolvimento e futuro do país?
O “eu” futebolístico: - Política…
O “eu” filosófico: - Não é a toa que táticas presentes nas quatro linhas adentraram principalmente nos últimos anos a política brasileira. Lá no Congresso, temos dribles desconcertantes de parlamentares em torno da ética e da moral. A falta de planejamento e o jeitinho brasileiro são utilizados com maestria pelos maiores craques do time do Congresso Nacional. Pênalti! Quem se importa. Dê uns trocados pro seu juiz que é primo do lateral esquerdo assessor do ponta direita lá do Congresso que fica tudo em casa…
O “eu” futebolístico: - Mas veja, o futebol é responsável por retirar da miséria grande quantidade de meninos pobres e além do mais, vários jogadores possuem projetos sociais…
O “eu” filosófico: - Então quer dizer que o futebol como paixão nacional, além de nos entreter traz um benefício ainda maior para o povo? Ah, sim claro, esqueci que afinal de contas, foi o Ronaldinho Gaúcho responsável pela estabilidade da economia brasileira não é mesmo? O Ronaldo, o FENÔMENO que conseguiu com que as crianças lá do Mutirão IV tivessem bola todos os dias para brincarem, quem precisa de comida! E por fim, não temos como agradecermos a Neymar o menino prodígio da Vila (Belmiro?!) que com seus dezoito anos, repito apenas dezoito anos, foi o grande responsável por toda essa revolução a que estamos passando na educação brasileira com sua teoria das danças múltiplas esquizofrênicas elaboradas em sete longos anos de estudo, não nos esquecendo que recebera uma proposta para estudar mas melhores escolas da Inglaterra, mas recusou a proposta pois afinal de contas, o melhor do Brasil é o brasileiro...
O “eu” futebolístico: - ??? (pensativo vai embora e compra pela internet uma camiseta de Madre Teresa de Calcutá e começa a freqüentar grupos de ajuda aos mais necessitados)…
E tudo por culpa da filosofia!!!
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